Projecto âncora
âncora
Cartas à minha avó: agosto 2006

03 agosto, 2006

Hoje

Hoje as minhas palavras estão coladas às paredes do coração. Hoje as minhas palavras sufocam e morrem-me no peito, antes que me cheguem à boca para dizê-las, antes que consiga dar-lhes espaço para voar.
Hoje tudo me parece pequeno, insignificante, sem sentido.
Hoje e sempre, estou contigo. Ainda que em silêncio.

02 agosto, 2006

Como é que se aceita

Como é que se aceita
uma espada no peito,
um sonho roubado,
o tempo que passa?
Como é que se aceita
o deserto na alma,
o silêncio das palavras,
a saudade que corrói?
Como é que se aceita
a alegria na dor,
a esperança?
Como é que se aceita
o amor,
quando tudo o resto
dói?


Catarina Silva

Eternamente

Sem ti
perco o que sou
e o que procuro,
sem ti
quebram-se as asas
para voar.
É como andar perdida
pelo escuro,
é como não ter chão
para caminhar.
Sem ti
a minha alma sabe ao fogo
das saudades,
que queima lentamente,
e os meus dois braços
tristes,
sem consolo,
anseiam abraçar-te
eternamente.

Catarina Silva.