Projecto âncora
âncora
Cartas à minha avó: agosto 2007

21 agosto, 2007

Em toda a parte

a distância é um fogo
onde vou chegar
num abraço fechado
para te levar
por campos abertos
por onde puder
levar-te por dentro
para não te perder
nem com mil tormentas
que arrasem o mundo

em qualquer lado
onde quer que eu vá
levo no corpo o desejo
de te abraçar
em toda a parte
onde quer que o sonho me leve
hei-de lembrar-me de ti

por outros caminhos
hei-de vaguear
num abraço fechado
para te levar
e há uma canção
que um dia aprendi
eu hei-de cantá-la
a pensar em ti

em qualquer lado
onde quer que eu vá
levo no corpo o desejo
de te abraçar
em toda a parte
onde quer que o sonho me leve
hei-de lembrar-me de ti

Mafalda Veiga


P.S.- Porque hoje a dor da ausência se tornou mais forte, não consigo deixar palavras próprias. Sirvo-me destas para exprimir o que vai por aqui hoje. Mana, este ano não te abracei o que queria. Sente-te abraçada por dentro. A semana passou a voar. Agora vou estar mais um ano agarrada a esta saudade.

08 agosto, 2007

No turbilhão

No turbilhão que tem sido a minha vida no último mês e meio, ainda me aparecem pérolas que me fazem rir a bandeiras despregadas...
"Mamã, olha a minha palinha, está gande!"
Tenho mesmo um filho precoce... Para além de falar quase correctamente e só usar fralda para dormir, ainda descobriu os prazeres do sexo em frente à televisão a ver o Noddy! Consegui não mostrar a vontade que tinha de rir, não repreendi, só lhe disse para não o fazer em frente a outras pessoas (não sei se percebeu...). Mas o mais giro disto tudo é que, quanto mais tentava manter o bicho dentro das cuecas mais elas levantavam... E eu, que pasmo comigo mesma porque não consigo ver este assunto sem ser desta forma, "tão natural como a sua sede"...
Dei por mim, finalmente, a dar a mão à palmatória: há coisas que são genéticas e já percebi que, desde cedo, a atenção dos meninos diverge muito da das meninas... Ai, filho, que ainda só tens dois anos!