Irmã da minha alma
Irmã da minha alma, que me soube tão bem a semana que passei contigo. Os jogos de ping-pong, as conversas durante as sestas do piolho, o ver-te e sentir-te tão bem.
É com lágrimas e comoção que te escrevo, e com alegria também.
Quando dizes que não percebes o significado de "tão longe", que estás quase à mesma distância do que se vivesses no norte do país, sou obrigada a dar-te razão, mas porque raio é que as fronteiras geográficas hão-de ser barreiras entre as pessoas? Vou tentar encaixar isto na minha cabeça e, sobretudo, no meu coração. «Não há longe nem distância», como dizia o Richard Bach. O longe somos nós que o fazemos e estou empenhada em encurtar as distâncias entre nós.
Não sei se notaste grande diferença em mim. Eu noto. Sei que ser mãe não muda a personalidade de uma mulher, mas maneira como se vê a vida mudou muito, pelo menos para mim. No sentido de não perder tempo com coisas fúteis, de não deixar de dizer o que tem de se dizer na devida altura, no sentido de temer que uma despedida nem sempre dê lugar a um reencontro. Mais lamechas, talvez. Com mais medo, certamente. Com menos pudor.
Apesar de distantes tenho a certeza de que cada vez te sinto mais minha irmã. Cada vez que te vejo encontro mil coisas minhas em ti. Estranhamente quando olho para o meu filho reconheço também nele traços teus. Para a próxima vou-me lançar nos teus braços e dormir uma sesta enroscada a ti. E nesse momento a vida vai dar um salto para trás e estaremos as duas novamente a dormir abraçadas na nossa cama. Certas de que apenas poderíamos ser irmãs uma da outra.
Cada vez me custa mais deixar-te ir. Cada vez gosto mais de te rever.
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