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Cartas à minha avó: As almas são como os timbres

28 junho, 2007

As almas são como os timbres

As almas são como os timbres: não se encontram duas iguais. Perante uma viragem rerpentina (mas há tanto tempo esperada) nas nossas vidas dou-me conta, uma vez mais, de como somos diferentes um do outro. De como tu extravasas o nervosismo e encontras maneiras de dar a volta à situação. De como eu sofro para dentro e tudo me dói, a barriga às voltas, o aperto no peito, o nó na garganta. Como se fosse eu. Mas é contigo. E quase me ofendo quando me repreendes e me dizes que não tenho de estar assim, que é uma estupidez, que tudo passa e que tu é que sabes. Pois, mas estamos juntos no mesmo barco, esqueces-te. Comemos na mesma mesa. Dormimos na mesma cama.
Por outro lado, um problema de saúde seria bem pior e pensando assim até me sinto relativamente bem. Somos jovens, temos braços para trabalhar, tudo o resto é pormenor. Confio que tudo irá melhorar e que as perspectivas que agora se abrem para ti serão muito melhores do que as que tiveste até agora. Que mereces mais, com toda a certeza. Mas até ao desfecho deste episódio permite-me, ao menos, a angústia da incerteza. Sinto que estamos a mudar para melhor, mas mesmo assim todas as mudanças doem.