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Cartas à minha avó: Chamem-me o que quizerem

09 maio, 2007

Chamem-me o que quizerem

Chamem-me o que quizerem, mas desde que fui mãe tornei-me mais tolerante nalgumas coisas mas mais rígida e inflexível noutras tantas.

Algum dia eu jantaria tranquilamente quando os meus três filhos menores dormiam sozinhos em casa? NÃO! - O meu sempre me acompanhou para todo o lado e dormiu grandes sestas em restaurantes, devidamente instalado no seu carrinho.

Algum dia eu fui pôr gasolina no carro e deixei o meu filho sentado dentro do mesmo enquanto eu me dirigia à caixa para pagar? NÃO! - Nem que estivesse a dormir, levantava-o e levava-o comigo.

Algum dia eu tirei o ovo do carro e dei a volta ao mesmo para fechar as portas, deixando o meu filho do outro lado, ou sequer virando-lhe as costas? NÃO! - Sempre me afligiu perdê-lo de vista ainda que fosse por um segundo.

Algum dia deixei o meu filho vaguear pelo supermercado enquanto a minha atenção se desviava para a escolhas dos produtos a comprar? NÃO! - Ou vai no carrinho ou pela minha mão. Se me fugir ou leva uma palmada ou uma advertência, estando mesmo nas tintas para os olhares reprovadores das outras pessoas.

Eu não deixo o meu filho sozinho nem para ir pôr o lixo à rua, num milésimo de segundo ele pode fazer mil e um disparates que lhe vierem à cabeça... As crianças não têm noção do perigo, cabe-nos a nós vigiá-las e prepará-las para, um dia mais tarde, podermos ter confiança nelas e, então sim, darmos-lhe espaço e responsabilidade para voarem sozinhas.

Uma criança de 3/4 anos deveria ter sido deixada a dormir em casa com dois irmãos mais novos sem supervisão de um adulto? NÃO!

Que sentido de responsabilidade têm estes pais?
Sou a mãe perfeita? NÃO! - Muito longe disso, até. Mas tento, pelo menos, não ser negligente porque tenho noção que azares acontecem até às pessoas mais vigilantes.

Desculpem-me os mais sensíveis, mas dos pais não tenho pena. Foram os próprios que motivaram/facilitaram o desaparecimento de Madeleine. Tenho pena da menina, isso sim. E dos outros irmãos, que sabe Deus quantas vezes não foram deixados sozinhos em casa... A sorte dos pais foi não terem levado os três...

1 Comments:

Blogger Inês de Castro said...

De todos os post que li sobre este assunto nos mais variados blogs, este foi o único com o qual me identifiquei do inicio ao fim.A minha menina ainda não tem idade pa "fugir" de mim, mas quando tiver serei assim, tal e qual, prefiro ser mamã protectora ao máximo do que ter surpresas desagradaveis. Também eu não percebo como aqueles pais deixaram 3 crianças sozinhas, a dormir...nem que fossem 5minutos.
Vou voltar aqui a este cantinho.
beijinhos, inês

3:21 da tarde  

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