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Cartas à minha avó: junho 2006

29 junho, 2006

De mão na mão

De mão na mão. Foi assim que fizemos a viagem de regresso a Lisboa dois dias antes de tu partires. Viémos os quatro de táxi, eu sempre junto de ti, com a mão enlaçada na tua, de ombro encostado ao teu. Passávamos pelas árvores, pelas serras, galgando a estrada imensa de alcatrão que ficava cada vez mais distante. As duas, pela última vez.
Lembro-me dessa viagem como se tivesse sido ontem. Parámos para fazer chichi e para comer melão. Voltámos para dentro. A viagem que antes fazíamos de combóio fizemos, desta vez, de carro. Não havia tempo a perder e todo o conforto era necessário. Mas nós as duas parámos, aquela viagem cristalizou as horas, fê-las estender até ao infinito. Os outros não estavam ali, eramos só nós. A duas. Não voltaria a ver-te, agora sei.
Fomos a viagem inteira a apertar a mão uma da outra. Creio que fui eu que comecei, para saber que ainda estavas comigo. Tu respondias, apertavas a minha com carinho, e eu teimava e tu voltavas a responder. Horas nisto. Em silêncio, na nossa linguagem própria, feita de gestos e sentimentos que tão bem entendíamos. É a recordação mais doce que tenho comigo. A despedida que fizemos uma da outra, em silêncio, longamente. Penso que ninguém o soube. Que ninguém o sabe ainda. Eu não contei, e tu?
A última imagem que tenho tua foi debruçada no corrimão, à porta da casa onde passei tanto da minha infância, a abraçares-me com os olhos, a dizer-me adeus para sempre. Não voltaria a ver-te, agora sei.

28 junho, 2006

Diferentes

Diferentes. Em quase tudo. Especialmente na maneira de ver a vida. O que nos juntou? Sem dúvida a maneira de senti-la.
Vivo com uma pessoa que é o meu oposto em quase tudo: e eu digo branco ele diz preto, se eu digo sim ele diz não, se eu digo direita ele diz esquerda. É trabalhoso e, muitas vezes, cansativo, viver a minha vida assim. Contudo, uma coisa de que eu não me posso queixar é de que a minha vida seja monótona, como tu tão bem disseste no outro dia.
A nossa vida não é um lago de águas paradas, é um mar revolto e muitas vezes tempestuoso que se agita ao sabor das marés. É um movimento contínuo, um atrito constante, uma história de cedências e declarações de guerra/paz a cada momento. É uma luta que não acaba nunca, com pormenores de rebuscada mesquinhez e casmurrice aqui e ali. Somos infantis, por vezes, somos teimosos, orgulhosos, insubordinados. Muitas vezes esquecemo-nos do companheirismo, da cortesia, às vezes até da educação. Mas nunca nos esquecemos um do outro. Nunca. Por muito virados do avesso que estejamos, por muito magoados, por muito que ameacemos bater com a porta. Por muito que tenhamos sonhado a nossa vida diferentemente, por muitos sonhos que tenhamos deitado por terra. Nunca nos esquecemos um do outro.
Por mais que pense ainda não consigo chegar a uma conclusão acerca dos motivos para estarmos juntos. Serão necessários motivos? Acho que não. Tudo reside no facto de as nossas cabeças raramente se cruzarem, mas dos nossos corações baterem em uníssono. Terá sido o amor feito para ser pensado?
Eu amo com o coração e não com a cabeça. Não racionalizo, sinto. E a sentir somos iguaizinhos, tirados do mesmo saco. Acho que é por isso que ainda estamos juntos.

Há uma coisa

Há uma coisa no meu filho que me delicia, que me enche a alma, que me aquece por dentro. Há muitas, mas esta, especificamente, deixa-me rendida, emocionada: é a pessoa que mais gosta de me ouvir cantar. Aliás, é a única pessoa para quem canto sem me preocupar se o faço bem ou mal. Quando está a cair de sono, birrento, irrequieto, a receita é fácil e eficaz: tomo-o nos meus braços e canto. E aí ele começa a encostar a cabeça ao meu ombro, a coçar os olhos e o nariz, a fazer-me festas na cara. Continuo a cantar, e não o faço em surdina, canto mesmo, ao ponto do meu marido me perguntar se estou a dar algum concerto. Não me importo, o meu filho gosta e eu também. Ele, que por enquanto ainda não encadeia palavras e, por isso, ainda não pode reclamar, começa a encostar a cabeça ao meu antebraço (normalmente o direito) e a pedir que o deite e que continue a cantar. Se paro abre os olhos e fixa-me longamente, como quem diz «Então?». Este momento é só nosso, e se antes era complicado adormecê-lo e, por falta de força, tinha de ser muitas vezes o pai a fazê-lo, agora não prescindo de ser eu.
Decidi não cantar só canções de embalar bebés, decidi partilhar com ele canções que gosto muito e que consiga cantar minimamente. Partilho hoje esta, que é, da actual selecção, a que funciona melhor. Não sei se pelos meus agudos se pela monotonia da letra. O que é facto é que gostamos muito de a ouvir/cantar:

Haja o que houver
eu estou aqui
haja o que houver
espero por ti
Volta no vento
Ó meu amor
Volta depressa
por favor

Há quanto tempo
já esqueci
Porque fiquei
longe de ti
Cada momento é pior
Volta no vento
por favor

Eu sei
Quem és para mim
Haja o que houver
volta para mim

(Pedro Ayres Magalhães)

E lembro-me então, avó, do quanto gostavas de cantar e que bem que o fazias. E encho-me de luz cada vez que canto, porque o faço para o meu filho mas sempre a pensar em ti.

27 junho, 2006

A dor

A dor é terrível, imensa. Imagino que seja. Não sei, de todo, mas deve ser. Estamos minimamente preparados para irmos perdendo familiares mais idosos. Vão partindo, aos poucos, vamos aprendendo a libertá-los de nós, devagarinho, na maior parte das vezes, por vezes de repente. Custa sempre, mas no fundo entendemos que a lei da vida se cumpre, ainda que mesmo assim nos pareça injusto. Vamos abrindo os braços, vamos abrindo mão até que eles não estão mais connosco mas em todo o lado e, ao mesmo tempo, em lugar nenhum.
Nunca estaremos preparados para perder um filho. Que estupidez tão grande, que absurdo tão grande, que sentido terá perder um filho? Nenhum, estou certa. Ainda que mais tarde as coisas se arrumem na nossa cabeça, ainda que mais tarde consigamos enfrentar a situação de frente, ainda que mais tarde tudo pareça ocupar o devido lugar. O que permanece será o vazio, os braços cheios de saudade, o peito cheio de silêncios, os olhos cheios de nada. E o mais absurdo, o mais injusto e o mais cruel é que sobrevivemos à morte de um filho. Morremos por dentro, a alma seca, encolhe, enche-se de feridas e envelhece para sempre, mas o corpo permanece, sobrevive, fisiologicamente continua o seu caminho. E isso dói, magoa. Devia parar tudo, o mundo devia deixar de existir, deviamos morrer também. Apodrecemos por dentro, aqui está a tradução fiel. Sem mais palavras, sem mais definições. Apodrecemos. E o mundo continua, impassível, indiferente à tragédia que se abateu sobre as nossas cabeças, e todos os dias o sol amanhece e se põe como se nada fosse.
Falo de cor. Não sei e espero nunca saber o que custa perder um filho. Aproximo-me da dor de outrém, dói-me também só de pensá-la, mas não consigo alcançar a medida da dor que se tem. Nem quero. Quero apenas e só que essa pessoa saiba o quanto mudou a minha vida, o quanto o seu pequeno anjo significa para mim e para tantos que nunca, sequer, o conheceram. Quero apenas que essa pessoa saiba que lhe ofereço aquilo que muito humildemente tenho para lhe dar: palavras. Sei que não chega, sei que não diminui a sua dor, mas se ajudar um pouco já me dou por satisfeita.
Depois de passares por caminhos de trevas e por túneis obscuros vais encontrar a luz. Por mais que tarde, por mais que custe andar por caminhos escuros, por mais cruel que seja andares com os olhos velados, às cabeçadas contra as paredes. Esse é, para já, o teu caminho, a tua dor. Inteira, só tua, à tua espera. Ninguém poderá passar por ela por ti. Só tu poderás enfrentá-la, debater-te com ela, derrotá-la após muita luta. A única coisa que podem fazer por ti é escutar-te e dar-te força, coragem, ânimo.
Por vezes para darmos um passo em frente temos de dar dois passos para trás. Não interessa, para a frente, para trás, o que interessa é caminhar. Acredita que vais ser um pouco mais feliz do que agora, não interessa como, faz apenas o esforço de acreditar. Ainda que não tenhas força para, de momento, pensar como o vais fazer.
Desculpa por falar de uma dor que não conheço, desculpa se as coisas que te digo não fazem sentido, desculpa por querer-te tanto bem mesmo sem te conhecer.

23 junho, 2006

Não tenho medo

Não tenho medo de dizer as coisas, mas no papel saem-me mais claras, mas límpidas, mais verdadeiras. Ao dizê-las por vezes distorço-as, interrompem-me a linha de pensamento e cortam-me o raciocínio e eu baralho-me e digo o que quero, mas de outra maneira. Ao escrevê-las não há margem para erro, são exactamente aquilo que eu quero dizer. Pelo menos para mim, para quem lê terão, talvez, outra interpretação.
Tenho medo de deixar coisas por dizer. Aos meus pais, ao meu filho, ao meu companheiro, mas sobretudo, à minha irmã.
Dizem que a família não se escolhe, mas eu acho que sim. Se eu pudesse escolhia-te outra vez para minha irmã. Temos ano e meio de diferença, mas eu fui a "mais velha" em quase tudo. Quando andávamos na escola primária ela escondia o saco da natação dentro do meu, tal era a fobia da piscina. Quantas vezes não foi a minha mãe dar connosco sentadas na escadaria da entrada, eu sentada e ela deitada, a chorar, no meu colo?... Quantas vezes não levou tareia de mim, pelo simples facto de que eu era a mais forte e ela a mais frágil? Tive mais namorados do que ela, conhecia sempre mais gente no liceu, era mais popular, tive o meu período primeiro, fui trabalhar primeiro, saí de casa dos pais primeiro. Mas numa coisa ela foi a primeira - na atenção que ganhava lá em casa por ser a mais frágil, por ser a deprimida, a incompreendida. Tive muitas vezes ciúmes, agora admito-o, mas nunca lhe quiz mal. Muitas vezes me pareceu estar lá em casa por acidente, que se eu desaparecesse ninguém daria pela falta. A isso tudo eu reagi com uma aparente indiferença, que eu era a filha mais forte, equilibrada, que não precisava de atenção dos outros para sobreviver. Cresci em muita coisa sem contar com a ajuda de ninguém, não porque não ma dessem mas porque era orgulhosa o suficiente para a recusar. Equilibrei-me a mim própria, sobretudo por ter a noção de que os meus pais já passavam por bastante com a minha irmã, que eu não devia maçá-los com as minhas dores de crescimento. Tive sorte, não saí muitas vezes de órbita, passei ao lado de muita coisa que me podia ter feito sinceramente mal. Depois disto tudo, só posso concluir que a vida tem uma ironia do caraças. Há cerca de quatro anos os meus pais construíram a vivenda dos seus sonhos e a família destroçou. Primeiro eu saí de casa, depois foi ela. Eu fui viver para a outra margem do rio. Ela, para França. A frágil, a desprotegida foi para o mundo, sem rede. E o mais fantástico: deu-se bem.
Os meus pais ficaram com o síndroma do ninho mais que vazio, valeu-lhes o facto de terem mudado de casa, de ser esse o seu projecto de sonho na altura. E eu, que nunca estive habituada a ter as atenções centradas na minha pessoa, dou por mim qual filha única, a tentar suprir a carência das filhas que agora existe nos meus pais. Não sei se sou boa nisso, mas tento. E o apoio que tenho no meu dia-a-dia são eles e o deles penso ser eu. Coisa estranha. As voltas que dá o universo.
Há, no entanto, uma sensação que me consome. Às vezes sinto-me um pouco órfã de irmã. Ela vive, graças a Deus, mas está longe e o nosso convívio que antes era diário passou agora a ser esporádico e através da net ou do telefone. É o possível, mas não é igual. Eu sei que ela agora é mais feliz e eu também o sou por isso, mas custa. Antes dormíamos juntas por opção - sempre tivémos dois quartos e duas camas. Há tanta coisa que eu não lhe digo por causa deste defeito estúpido que tenho de gostar de escrever em vez de dizer. Eu sei que a minha família a longo prazo, a minha família de sangue, será a minha irmã. E é mais por isso que me custa tê-la longe. Não me quero tornar uma estranha para a pessoa que, acredito, melhor me conhece.
Vou tentar dizer-lhe tudo. Não sei se consigo, mas vou tentar.

Uma das coisas

Uma das coisas que recordo com mais emoção são as viagens que fazíamos de combóio, quando íamos contigo e com o avô para a terra. A sensação das paisagens, a cabeça fora de janela, o vento a bater nos cabelos, os cheiros, os campos verdes, as casinhas baixas por entre o "pouca terra, pouca terra", que se prolongava durante toda a viagem, que nos embalava a certeza de podermos ser o que quizéssemos na vida e chegar a todo o lado!
E a recordação mais querida, mais doce que guardo em mim é aquela de, meia hora antes de chegarmos ao destino, tirares um pequeno pente da mala e nos penteares, às duas, para chegarmos compostas à estação. As tuas meninas, foi o que fomos, avó. Segundas filhas que ajudaste a criar com tanto carinho.
Gostava de um dia proporcionar ao meu filho esta sensação que ficou em mim destas viagens que fizémos. Será possível, não será mais que um revivalismo forçado? Não sei, mas gostava. Encolhe-se-me a alma ao constatar que o combóio já não chega ao anterior destino, que já não faz alguns dos muitos apeadeiros de antes, que pára na cidade e pronto, quem quizer tem de esperar pela "automotora". Triste. Andamos de carro, agora. Atalhamos caminho, vamos a direito e não às curvas como outrora. Mas gostava que o meu filho conhecesse cada kilómetro da via férrea que antes me levava direita ao sonho, cada terriola, cada apeadeiro. O importante não é o caminho, é caminhar. O importante não é o destino, é o percurso. E hoje, tantas vezes nos esquecemos disso.

22 junho, 2006

Naquele dia

Naquele dia estávamos à mesa, os quatro. Era hora de almoço e as sardinhas, lembro-me, estavam em sangue. Não consegui comer. Nunca mais consegui comer. O telefone tocou e eu estremeci. Soube, antes que alguém atendesse, que te tinhas ido embora. Fiquei 14 anos sem comer sardinhas. Só como há dois, por insistência do meu marido, porque me obrigou a vencer esta repulsa que eu ganhei desde então. Agora gosto, muito, outra vez. Mas não me passa uma sardinha pelo estreito que não tenha também o gosto daquele 8 de Setembro longínquo.
Lembro-me de ter sentido uma paz grande, um alívio. Desculpa, avó, mas vistas as coisas à distância, sim, foi isso que senti. «Já está», lembro-me de pensar. Senti remorsos mais tarde. Agora não, sei que foi o melhor para ti, bastava de sofrer em silêncio. Uma batalhadora, tu! Sofreste consciente do que te esperava, mas não foste com medo. Foste em paz, de cabeça erguida, com dores, mas forte.
Estas cartas não são de sofrimento, avó. Esse já passou. São de saudade. Agora já não sofro por ti, avó. Agora sorrio, porque estás aqui. Porque sei que estás bem. Porque venci o medo que era ter medo de te esquecer - já vi que nunca, por mais tempo que passe, vou esquecer o teu cheiro, a tua voz, o teu rosto. Impossível. E para mim está bem assim, era isso que eu queria. Agora tenho a certeza. Acompanhas-me, vigias o meu caminho, iluminas a minha vida. O tempo passou e eu só sinto que falta menos tempo para te encontrar.
Naquele dia eu morri por dentro, mas plantaste em mim uma semente que não morre nunca.

Todos os dias

Todos os dias dou por mim a falar contigo. Para mim é normal, é o meu dia-a-dia. Esquizofrenia? Quem sabe? Prefiro assim.
Falo para dentro, falo como se pensasse, não com a boca mas o pensamento, com o coração. E esse gesto para mim é tão trivial que me envergonho de não o partilhar com ninguém, nem com a pessoa que dorme comigo todas as noites. Iria compreender, achar-me-ia tonta, demente? Pouco interessa. Este é um assunto só nosso.
Um dos meus livros preferidos é o «Cândide», do Voltaire. A ideia que fica é que uma pessoa, por mais solavancos que leve da vida «deve sempre continuar a cultivar o seu jardim», porque as flores florescem da terra mais agreste. E eu acredito que a vida é exactamente isso, é o mandar-nos para o chão todos os dias para que aprendamos a erguer-nos e caminhar direitos.
Muita coisa acontece na vida sem uma razão, também acredito nisso. A Laurinha, por exemplo. Foi um azar que não devia ter acontecido. Nunca deveria ser permitido morrer uma criança. Mas morrem tantas, avó, todos os dias! Acredito, contudo, que a sua mãe vai um dia continuar a cultivar o seu jardim. E que os olhos imensos da Laura estão postos nela, no pai e no irmão. E que um dia todos se vão reunir em abraços, beijos e carinhos. Este é um assunto que também não divido com ninguém sob pena de ser cotada de "maluca", por sofrer tanto por alguém que não conheço. Divido contigo, porque sei que me percebes.
Todos os dias te encontro em mim, todos os dias, para sempre.

8 de Setembro de 1990

Esta é a data da tua partida. 16 anos, avó, 16! Que nos separam no tempo e no espaço mas nunca no coração, no coração estás cada vez mais inteira, cada vez mais cravada em mim, cada vez mais presente. Era uma criança de 12 anos. Cresci. Tenho 28, sou mulher e mãe, avó, vê no que me tornei. Tinha tantos sonhos, tantas ambições que foram ficando pelo caminho. Inventei outros, os possíveis, aqueles pelos quais consegui lutar. Sou feliz, acho que sou.
Tinha 12 anos, tenho 28. Mais de metade da minha vida foi vivida sem ti. Mas sei onde estás, estás aqui, sempre comigo. É a ti que rezo, és o meu deus, a minha fé. Omnipresente. Sinto tantas vezes que eu sou tu em mim, que sou como tu já foste, apesar de saber que somos distintas. É uma sensação tão estranha e tão boa, sentir e saber que vives em mim, que te penso, que te sinto, que te recordo traços, a voz, as mãos, o riso que ainda me inunda os ouvidos quando me concentro um pouco para te deixar entrar.
Naquela altura percorri os caminhos do medo, da solidão, da tristeza calada que não ousei partilhar com ninguém. Nem com a minha mãe, nem pai nem irmã. Senti-me sozinha, como se o meu sol se apagasse. Renasceste em mim não tardou muito, senti-te chegar, instalares-te nas fundações da minha alma, ocupares o lugar de onde, no fundo, nunca saíste. Assim é o tempo. Obrigada por teres vindo.